
No silêncio das noites, olhos me fitam. Olhos felinos que brilham no escuro. Capitu sempre presente escaneando o ambiente.
Os Gatos
Sóbrios doutores e loucos apaixonados
Têm em comum, ao fim de uma vida feliz,
O amor pelos gatos, altivos, gentis,
Como eles friorentos e sossegados.
Grandes amigos da volúpia e do saber,
Preferem o silêncio e o terror noturnos;
Seriam do demônio os corcéis soturnos
Se em seu orgulho pudessem se submeter.
Ajeitam-se cismadores nas poses raras
Das altas esfinges no fundo dos Saaras
Que num transe infinito parecem sonhar;
O dorso fértil magicamente cintila
E uma poeira fina de ouro, a brilhar,
Fulgura de leve nas místicas pupilas.
Baudelaire
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